Festival Sundance de Cinema 2024: filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Yara de Novaes no longa brasileiro Malu, de Pedro Freire

A edição de 2024 do Festival Sundance de Cinema, um dos eventos mais importantes do cinema independente, que acontecerá entre os dias 18 e 28 de janeiro, em Park City e Salt Lake City, anunciou nesta quarta-feira, 06/12, sua seleção oficial.

Neste ano, foram inscritos 17.435 títulos, entre eles, 4.410 longas-metragens (1.679 dos Estados Unidos e 2.741 internacionais). Dos 82 longas selecionados, de 24 países, 40% são de cineastas estreantes.

A noite de abertura da 40ª edição homenageará a atriz e diretora Kristen Stewart com o Visionary Award em reconhecimento ao seu trabalho como uma artista intransigente e às contribuições ao campo do cinema independente. Além disso, também foi anunciado que a ficção científica Love Me, de Sam Zuchero e Andy Zuchero, receberá o Alfred P. Sloan Feature Film Prize, um prêmio anual concedido a um artista com a representação mais notável de ciência e tecnologia em um longa-metragem.

O cinema brasileiro marca presença com Malu, de Pedro Freire, na Competição Internacional de Drama. Yara de Novaes, Juliana Carneiro da Cunha, Carol Duarte e Átila Bee compõe o elenco do longa, que traz no título o nome da protagonista, Malu, uma atriz instável e desempregada, que vive com sua mãe conservadora em uma casa humilde de uma favela do Rio de Janeiro, próxima ao mar. Malu tenta lidar com o relacionamento tenso com sua própria filha adulta, enquanto sobrevive com as lembranças de seu glorioso passado artístico.

O diretor e roteirista Pedro Freire conta que teve a ideia do filme há mais de dez anos, após a morte de sua mãe, Malu Rocha: “Malu é um drama familiar, um filme intimista, centrado no roteiro e na atuação. É uma adaptação da história da minha mãe, a atriz paulista Malu Rocha (1947-2013). Venho de uma família de atores, e desde cedo decidi que queria escrever para atores e dirigir atores. Escolhi o cinema para exercer essa paixão. Depois de 25 anos trabalhando para diversos diretores, e tendo dirigido oito curtas que passaram por diversos festivais, é uma alegria imensa estrear meu primeiro longa-metragem como diretor no Festival de Sundance, um dos maiores festivais do mundo que sempre privilegiou filmes independentes como o nosso”.

Para o produtor Roberto Berliner, da TvZero, a seleção para o festival é resultado de uma soma de esforços entre todos os envolvidos: “Malu é um filme íntimo, delicado e pessoal, de um diretor que promete muito e de uma parceria entre a TvZero e a Bubbles que leva nosso segundo filme a Sundance”.

Bebé Salvego no curta Boi de Conchas: uma coprodução entre Estados Unidos e Brasil

Malu é produzido pela Bubbles Project e pela TvZero, que estiveram em Sundance em 2018, com Benzinho, de Gustavo Pizzi, e coproduzido pela RioFilme, pelo Telecine e pelo Canal Brasil, e conta com a distribuição da Filmes do Estação: “Voltar a Sundance, apresentando mais um longa-metragem é muito emocionante. Em uma larga escala, afirma a qualidade e a diversidade do cinema brasileiro no mundo e pessoalmente confirma para mim o quanto é importante investir em novos talentos; o Pedro tem de sobra. Trabalhar cuidadosamente no desenvolvimento dos projetos, estabelecer grandes parcerias e nunca desistir. Malu representa bem em todos os aspectos tudo isso”, comenta a produtora Tatiana Leite.

Tatiana lembra que as filmagens de Malu ocorreram no fim de novembro de 2022, “em uma espécie de estilo de guerrilha, durante três semanas” e continua: “Foi um grande desafio para todos, mas foi incrível. Começamos a montagem em março de 2023 e hoje temos esse filme lindo e forte. Estamos muito felizes com a seleção para um festival tão importante. Esperamos que o filme seja visto por diferentes públicos em todo o mundo”.

“O filme se passa no Rio de Janeiro nos anos 90, e retrata Malu, uma atriz de 55 anos que teve um passado glorioso no teatro mas foi atropelada pela ditadura e hoje se vê desempregada, forçada a viver em uma casa precária com sua mãe, uma senhora conservadora, e tentando salvar uma relação desastrosa com sua própria filha. Um filme sobre uma mulher forte que tenta fazer tudo dar certo, apesar de suas emoções fortes demais, por vezes violentas.” conta o diretor. De acordo com Freire, Malu é um filme sobre as diferenças entre três gerações de mulheres bastante distintas entre si: “Uma atriz de meia-idade, traumatizada, que sonha com um teatro agora no passado; uma mulher idosa, que sente saudades do regime militar e não entende os novos tempos; e uma jovem que não se interessa por política, mas anseia por um futuro estável. Três mulheres lutando cada uma com sua própria realidade sombria”.

Além disso, o cinema brasileiro também marca presença com dois curtas-metragens: Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta, na Animation Short Films; e Boi de Conchas, de Daniel Barosa, uma coprodução com Estados Unidos, que será exibida na Competição Americana de Drama. O filme traz Bebé Salvego, Daniela Dams, Walter Balthazar, Bianca Melo, Giulia Sposito, Kaique Martins De Paula, Kyuja Ohanna, Maitê Dias, Tainara Corrêa e Thiago Klein no elenco.

Em comunicado oficial, Robert Redford, fundador e presidente do Sundance Institute, disse: “Desde a primeira edição, em 1985, o Festival de Cinema de Sundance tem como objetivo fornecer um espaço para reunir, celebrar e interagir com artistas que assumem riscos e que estão comprometidos em levar suas visões independentes ao público; o festival permanece fiel a esse objetivo até hoje. Ele continua evoluindo, mas seu legado de apresentar um trabalho ousado que inicia as conversas necessárias continua com o programa de 2024”.

Conheça os filmes selecionados para o Festival de Sundance 2024:

COMPETIÇÃO AMERICANA | DRAMA

A Real Pain, de Jesse Eisenberg
Between the Temples, de Nathan Silver
Dìdi (弟弟), de Sean Wang
Exhibiting Forgiveness, de Titus Kaphar
Good One, de India Donaldson
In The Summers, de Alessandra Lacorazza
Love Me, de Sam Zuchero e Andy Zuchero
Ponyboi, de Esteban Arango
Stress Positions, de Theda Hammel
Suncoast, de Laura Chinn

COMPETIÇÃO AMERICANA | DOCUMENTÁRIO

As We Speak, de J.M. Harper (EUA)
Daughters, de Angela Patton e Natalie Rae (EUA)
Every Little Thing, de Sally Aitken (Austrália)
Frida, de Carla Gutiérrez (EUA/México)
Gaucho Gaucho, de Michael Dweck e Gregory Kershaw (EUA/Argentina)
Love Machina, de Peter Sillen (EUA)
Porcelain War, de Brendan Bellomo e Slava Leontyev (EUA/Ucrânia)
Skywalkers: A Love Story, de Jeff Zimbalist (EUA)
Sugarcane, de Julian Brave NoiseCat e Emily Kassie (EUA)
Union, de Stephen Maing e Brett Story (EUA)

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | DRAMA

Brief History of a Family, de Jianjie Lin (China/França/Dinamarca/Qatar)
Girls Will Be Girls, de Shuchi Talati (Índia/França/Noruega)
Handling the Undead, de Thea Hvistendahl (Noruega)
In the Land of Brothers, de Raha Amirfazli e Alireza Ghasemi (Irã/França/Holanda)
Layla, de Amrou Al-Kadhi (Reino Unido)
Malu, de Pedro Freire (Brasil)
Reinas, de Klaudia Reynicke (Suíça/Peru/Espanha)
Sebastian, de Mikko Mäkelä (Reino Unido/Finlândia/Bélgica)
Sujo, de Astrid Rondero e Fernanda Valadez (México/EUA/França)
Veni Vidi Vici, de Daniel Hoesl e Julia Niemann (Áustria)

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | DOCUMENTÁRIO

A New Kind of Wilderness, de Silje Evensmo Jacobsen (Noruega)
Agent of Happiness, de Arun Bhattarai e Dorottya Zurbó (Butão/Hungria)
Black Box Diaries, de Shiori Ito (Japão/EUA/Reino Unido)
Eternal You, de Hans Block e Moritz Riesewieck (Alemanha/EUA)
Ibelin, de Benjamin Ree (Noruega)
Igualada, de Juan Mejía Botero (Colômbia/EUA/México)
Never Look Away, de Lucy Lawless (Nova Zelândia)
Nocturnes, de Anirban Dutta e Anupama Srinivasan (Índia/EUA)
Soundtrack to a Coup d’Etat, de Johan Grimonprez (Bélgica/França/Holanda)
The Battle for Laikipia, de Daphne Matziaraki e Peter Murimi (Quênia/EUA)

NEXT

Desire Lines, de Jules Rosskam (EUA)
Kneecap, de Rich Peppiatt (Irlanda/Reino Unido)
Little Death, de Jack Begert (EUA)
Realm of Satan, de Scott Cummings (EUA)
Seeking Mavis Beacon, de Jazmin Renée Jones (EUA)
Tendaberry, de Haley Elizabeth Anderson (EUA)

PREMIERES

A Different Man, de Aaron Schimberg (EUA)
And So It Begins, de Ramona S. Diaz (EUA/Filipinas)
Devo, de Chris Smith (Reino Unido/EUA)
Freaky Tales, de Ryan Fleck e Anna Boden (EUA)
Ghostlight, de Kelly O’Sullivan e Alex Thompson (EUA)
Girls State, de Amanda McBaine e Jesse Moss (EUA)
Look Into My Eyes, de Lana Wilson (EUA)
Luther: Never Too Much, de Dawn Porter (EUA)
My Old Ass, de Megan Park (EUA)
Power, de Yance Ford (EUA)
Presence, de Steven Soderbergh (EUA)
Rob Peace, de Chiwetel Ejiofor (EUA)
Sasquatch Sunset, de David Zellner e Nathan Zellner (EUA)
Sue Bird: In The Clutch, de Sarah Dowland (EUA)
Super/Man: The Christopher Reeve Story, de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui (Reino Unido/EUA)
The American Society of Magical Negroes, de Kobi Libii (EUA)
The Outrun, de Nora Fingscheidt (Reino Unido/Alemanha)
Thelma, de Josh Margolin (EUA)
Will & Harper, de Josh Greenbaum (EUA)
Winner, de Susanna Fogel (EUA/Canadá)

MIDNIGHT

I Saw the TV Glow, de Jane Schoenbrun (EUA)
In A Violent Nature, de Chris Nash (Canadá)
It’s What’s Inside, de Greg Jardin (EUA)
Kidnapping Inc., de Bruno Mourral (Haiti/França/Canadá)
Krazy House, de Steffen Haars e Flip van der Kuil (Holanda)
Love Lies Bleeding, de Rose Glass (EUA/Reino Unido)
The Moogai, de Jon Bell (Austrália)
Your Monster, de Caroline Lindy (EUA)

SPOTLIGHT

Àma Gloria, de Marie Amachoukeli (França)
Hit Man, de Richard Linklater (EUA)
How to Have Sex, de Molly Manning Walker (Reino Unido)
The Mother of All Lies, de Asmae El Moudir (Marrocos/Egito/Arábia Saudita/Qatar)

Foto: Divulgação.

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