Diretor: Rafael Primot
Elenco: Regina Duarte, Bárbara Paz, Gilda Nomacce.
Ano: 2014
Sinopse: Glória Polk é uma famosa escritora em decadência que decide escrever um novo livro dezessete anos depois de seu último lançamento. Certo dia, recebe a visita de uma jovem jornalista em sua casa para entrevistá-la. Ao longo da conversa, Glória se mostra uma pessoa difícil de se relacionar e aos poucos revela um lado obscuro de sua personalidade.
Comentários do CINEVITOR: Regina Duarte é uma das maiores atrizes do Brasil. Isso ninguém pode negar. Ela já foi Maria do Carmo, em Rainha da Sucata; Viúva Porcina, em Roque Santeiro; interpretou a famosa Helena, de Manoel Carlos, três vezes, e viveu tantos outros personagens que marcaram a TV brasileira. Seu currículo no teatro também não é fraco, assim como no cinema. Mas sua mais nova personagem nas telonas, uma escritora decadente que planeja voltar às prateleiras das livrarias depois de 17 anos afastada, pode ser considerada um presente em comemoração aos seus 53 anos de carreira. Em Gata Velha Ainda Mia, primeiro longa de Rafel Primot, a eterna “namoradinha do Brasil” rouba a cena e prende a atenção do espectador com seu jeito arrogante, ora perturbada, ora um doce de pessoa. Os altos e baixos da personagem ficam evidentes não só pela excelente atuação de Regina Duarte, mas também pelo belo trabalho de Bárbara Paz, que interpreta Carol, uma jornalista prestes a ser promovida, que consegue uma entrevista exclusiva com a famosa escritora Glória Polk. O filme se passa dentro do apartamento de Glória e aos poucos as duas vão se conhecendo melhor e descobrem que possuem algumas coisas em comum. O entrosamento entre elas acontece por causa das inevitáveis comparações que insistem em aparecer o tempo todo, como, por exemplo: uma é casada e tem um emprego estável; a outra é separada e precisa dar a volta por cima no trabalho. Mas, ao desenrolar da história, tais comparações se desapegam de suas personalidades e elas conseguem se despir de rótulos que carregam para, de vez em quando, se mostrarem fortes e independentes para os outros. Não que não sejam, mas a permissão para serem quem realmente são às vezes fica restrita e só desabrocha na frente do espelho. Nesse caso, cara a cara, pois as duas não medem palavras na hora de trocar farpas, entretanto também se calam para aprender uma com a outra. Gata Velha Ainda Mia são várias histórias em uma e cria uma expectativa/tensão em cima de seus desfechos, mesmo que não acabem ali, naquele apartamento. Será Carol uma grande admiradora de Glória? Ou será que Glória tenta resgatar uma felicidade que já lhe foi concedida, mas que deixou passar, e hoje percebe que parte dela se encontra na vida de outra pessoa? O encontro entre as duas não deixa de ser um acerto de contas pelos acontecimentos do passado e também do presente, porém, o final pode ser cruel e surpreendente. Nem sempre brincar de gato-mia pode ser divertido. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: