
No dia seguinte à cerimônia de abertura, a programação da 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes seguiu com diversos filmes e atividades paralelas, entre elas, uma roda de conversa com o cineasta mineiro Eder Santos e a atriz Luiza Lemmertz, que exibiram na noite anterior o longa inédito Girassol Vermelho.
No programa Encontros de Cinema, realizado no sábado, 25/01, no Cine-Lounge, o público participou da Roda de Conversa com o tema Eder Santos e Luiza Lemmertz: Reflexões Sobre um Mundo Moderno da Arte. Pioneiro na fusão entre arte, cinema e tecnologia, criando obras que desafiam os limites da linguagem audiovisual, o mineiro Eder Santos é referência em videoarte no Brasil. Seu novo filme, Girassol Vermelho abriu a Mostra de Tiradentes 2025 e traz a atriz Luiza Lemmertz no elenco. Ela e Eder discutiram, neste bate-papo mediado pelo jornalista Marcelo Miranda, a experiência do novo trabalho, as imbricações entre formas e estéticas e as perspectivas do audiovisual diante das contradições entre novas tecnologias e a sensibilidade criativa.
Durante a conversa, Luiza Lemmertz, já acostumada com o meio artístico desde cedo e filha da consagrada atriz Julia Lemmertz com o produtor Álvaro Osório, relembrou sua trajetória nos palcos e sua experiência no longa O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, de Bia Lessa, adaptação cinematográfica da renomada obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa: “Eu cheguei nos ensaios e a Bia pedia pra eu fazer masculino, o máximo de masculino que eu conseguisse. E eu tava com os peitos cheios de leite, meu filho bebê em casa. Eu estava no máximo de feminino da minha vida, tinha acabado de ser mãe… como que eu faria isso? Eu acho que a arte tem isso”, disse Luiza, que interpretou Diadorim nos palcos e nas telonas, sob direção de Bia Lessa.
Sobre Girassol Vermelho e O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, Luiza falou: “São filmes completamente diferentes, de naturezas e estéticas diferentes. Mas eles têm esse caráter artesanal da criação dos artistas de diversas frentes que se unem para fazer um novo cinema. E o filme da Bia também: entramos em um cubo preto, com uma trupe de teatro adentrando o cinema e invertendo as regras”.
No ano passado, na 27ª edição, O Diabo na Rua no Meio do Redemunho foi exibido na Mostra Autorias: “Interessante o filme ter passado aqui no ano passado e o tema deste ano ser Que Cinema é Esse? porque eu acho que, de fato, esses filmes levam um pouco além do que se pode fazer no cinema que não é o que a gente está acostumado a ver; que cria novos códigos, que imagina novas formas de se fazer arte como um todo”.
Luiza Lemmertz e Eder Santos no Encontros de Cinema
O cineasta Neville d’Almeida, que também participou da Roda de Conversa, enalteceu o talento de Luiza Lemmertz: “O Eder usou a Luiza como uma mulher espetacular, uma mulher fatal, sedutora, buscando dela um grande desempenho. Não se esqueçam dessa figura: tesouro escondido que vai ser revelado a partir deste ano no filme do Eder. Umas das nossas grandes atrizes e grandes estrelas, de grande sensibilidade e capacidade. Uma mulher simples, poderosa e com toda a força dramática necessária para o trabalho. Girassol Vermelho revela essa atriz”.
Sobre os elogios, Luiza comentou: “Quando o Neville fala isso, de ser descoberta e ser um tesouro escondido, é porque eu sou uma atriz originalmente do teatro. Talvez seja um pouco isso. Na minha carreira, eu fiz muito teatro e estou chegando aos poucos no audiovisual, que é outra linguagem maravilhosa de se explorar. Estou neste processo”.
Luiza, neta da atriz Lilian Lemmertz e que cresceu no teatro, nas coxias de peças como Orlando e Hamlet, já trabalhou com nomes como Zé Celso, do Teatro Oficina, em Cacilda!, Dionisíacas, entre outras. Recentemente, dividiu os palcos com a mãe no espetáculo Tempestade e também na TV, em uma participação na novela Elas por Elas. Foi dirigida por Jô Soares na peça O Libertino e aparece no longa Um Copo de Cólera, de Aluizio Abranches, ainda criança.
Sobre projetos futuros, Luiza revela: “O mais legal da vida é você fazer as coisas mais diferentes. Uma femme fatale no filme do Eder, Diadorim no filme da Bia… Esse ano eu vou filmar um longa em Porto Alegre [ao lado de sua mãe]. Estou feliz que é um projeto em Minas, um em São Paulo, outro no Rio Grande do Sul. Quero filmar pelo Brasil inteiro. E tem projeto de teatro para fazer também”, finalizou.
A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes segue até 1º de fevereiro com 140 filmes brasileiros: 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens, vindos de 21 estados. Os títulos serão exibidos, com programação gratuita, em 62 sessões divididas em vários recortes, além de debates, encontros e rodas de conversa.
*O CINEVITOR está em Tiradentes e você acompanha a cobertura do festival por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Fotos: Jackson Romanelli/Universo Produção.