Depois de passar pelo Festival de Gramado e ser premiado com quatro kikitos, entre eles, melhor direção, Mais Pesado é o Céu, do cineasta cearense Petrus Cariry, foi exibido na 47ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo nesta sexta-feira, 27/10, no Espaço Itaú de Cinema Augusta.
Rodada no sertão nordestino, a trama acompanha o encontro de Antônio, vivido por Matheus Nachtergaele, e Teresa, interpretada por Ana Luiza Rios, que, por motivos diferentes, pegam a estrada em busca de reconstruir a vida. Diante de um Brasil devastado pela crise moral e política, os dois acolhem um bebê abandonado e formam uma família improvável sob o sol escaldante do interior do Ceará.
Mais Pesado é o Céu é o sétimo longa-metragem de Cariry, que recentemente recebeu uma indicação de melhor documentário no 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por A Jangada de Welles, codirigido por Firmino Holanda. Além de Nachtergaele e Rios, o elenco ainda traz nomes como Silvia Buarque, Danny Barbosa e Buda Lira.
A produção é de Bárbara Cariry, por meio da Iluminura Filmes, e a distribuição será pela Sereia Filmes. As filmagens aconteceram em 2021 nos municípios cearenses de Quixadá e Nova Jaguaribara, tendo como um dos cenários o Açude Castanhão e sua história de submersão. Clique aqui para assistir uma cena do filme.
A primeira sessão do longa na 47ª Mostra de São Paulo contou com a presença da produtora Bárbara Cariry e do protagonista Matheus Nachtergaele: “Que felicidade estar aqui com essa sala tão lotada em uma sexta-feira à noite, dentro de uma Mostra tão importante com tantos filmes e uma programação tão incrível”, disse Bárbara.
Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios em cena
Matheus também conversou com o público antes da exibição: “Agradeço pela presença de vocês por estarem aqui no meio de um mar de programação que a Mostra tem. Principalmente por ser uma sexta-feira chuvosa em São Paulo. Mas eu acho que vocês se deram bem. Eu acho que o Petrus Cariry é um diretor de rara espécie e em extinção. Os filmes do Petrus são filmes para serem vistos na tela grande com muito espaço para reflexão. É um filme plástico nesse sentido”, disse o ator.
E completou: “Eu adoro esse filme, que a gente fez logo no final da pandemia. Foi o primeiro trabalho que eu fiz saindo da quarentena. No longa, vemos alguns poucos brasileiros se encontrando em algo perdido. Um país lindo, cheio de estradas, que não tinha mais pra onde ir. Estávamos saindo da pandemia sob a égide de um governo neofascista. O nosso sentimento tá muito impresso nesse filme. Acho que, no mínimo, ele vai ser pra sempre, pra mim, o retrato de como eu me sentia naquele momento”.
Logo depois da primeira exibição de Mais Pesado é o Céu em São Paulo, Matheus e Bárbara voltaram para um debate com o público: “Hoje eu senti na carne o sentimento daquela época. E hoje também me veio uma nova camada, que eu ainda não tinha sentido. Algo que tem a ver com a nova divisão de tarefas entre o homem e a mulher. Me deu a sensação de que o meu personagem é ao mesmo tempo perdido, mas também se aproveita da força das mulheres”, disse Matheus.
E finalizou: “Estávamos tristes naquela época, mas ao mesmo tempo estávamos felizes pelas filmagens. Por estar na estrada com a trupe do cinema. Era uma mescla interessante. E essa mescla bonita, de tristeza e alegria, proporcionou a possibilidade de quadros tão belos e tão longos para acreditar como ator que é possível ficar vivo quase que numa fotografia parada”.
Vale lembrar que Mais Pesado é o Céu terá mais uma exibição na Mostra de São Paulo: segunda-feira, 30/10, às 21h30, no Espaço Itaú de Cinema Augusta.
Fotos: Mario Miranda Filho/Divulgação.