Mary Magdalene
Direção: Garth Davis
Elenco: Rooney Mara, Joaquin Phoenix, Chiwetel Ejiofor, Tahar Rahim, Ariane Labed, Denis Ménochet, Lubna Azabal, Tchéky Karyo, Hadas Yaron, Ryan Corr, Irit Sheleg, Jacopo Olmo Antinori, Roy Assaf, Charles Babalola, Tawfeek Barhom, Sarah-Sofie Boussnina, Giorgio Caputo, Giovanni Cirfiera, Massimiliano Cutrera, Giacomo Fadda, Uri Gavriel, Shira Haas, Tsahi Halevi, Michael Moshonov, Lior Raz, David Schofield, Francesco Scianna, Zohar Shtrauss, Theo Theodoridis.
Ano: 2018
Sinopse: Contrariada pelas hierarquias, Maria Madalena desafia sua família tradicional ao decidir não aceitar um casamento arranjado e parte para uma jornada ao lado de Jesus de Nazaré. Ela logo encontra um lugar para si mesma dentro de um movimento que a levará para Jerusalém.
Crítica do CINEVITOR: Sempre se falou muito sobre Maria Madalena, uma figura bíblica que, por anos, foi incompreendida. Ficou conhecida como a primeira testemunha da ressurreição de Jesus Cristo e, recentemente, foi apresentada pelo Papa Francisco, Chefe de Estado do Vaticano, como a Apóstola da Esperança. Porém, muitos anos antes disso, teorias de todos os tipos surgiram sobre essa mulher: falou-se sobre os sete demônios que carregava, foi julgada como pecadora e prostituta, cogitaram sua presença na obra A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, suspeitaram sobre um possível relacionamento com Cristo, que teria gerado filhos, entre tantas outras especulações, baseadas em testamentos bíblicos ou em estudos de escritores contemporâneos. No cinema, diversas atrizes já interpretaram Maria Madalena, como: Barbara Hershey, em A Última Tentação de Cristo; Yvonne Elliman, em Jesus Cristo Superstar; Juliette Binoche, em Maria; Monica Bellucci em A Paixão de Cristo; María Botto, em Ressurreição; Charlotte Graham, em O Código da Vinci; entre outras. Agora, uma nova história sobre a mais dedicada discípula de Jesus chega aos cinemas. Dirigido por Garth Davis, de Lion – Uma Jornada Para Casa, o longa começa quando sua protagonista não aceita casar-se com um homem arranjado pela família e parte em uma jornada ao lado daquele em que acredita ser Messias. É quase impossível narrar a trajetória dessa mulher sem citar Jesus, aqui interpretado por Joaquin Phoenix. Porém, o que se espera de um filme chamado Maria Madalena é que acompanharemos com destaque a personagem título. De fato isso acontece, principalmente nos primeiros minutos, mas, não demora muito para que a narrativa criada pelas roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett se perca no caminho desfocando-se de sua protagonista. Nesta versão de Garth Davis, vemos uma Maria Madalena encorajada em seguir seus propósitos sem medo de julgamentos ou até mesmo enfrentando seus colegas de jornada, como o apóstolo Pedro, interpretado por Chiwetel Ejiofor, que diz: “Não é certo que ele tenha criado você para nos liderar. Nunca mais fale em nome dele”; algo que bate muito com as discussões atuais sobre feminismo e empoderamento, mas, infelizmente, ao longo da projeção essa bandeira é pouco levantada. Com uma personagem cercada por misticismo, o longa perde força ao deixar de explorar ainda mais uma figura tão marcante. Entretanto, é preciso elogiar a atuação de Rooney Mara, que há algum tempo não interpretava uma personagem tão significante. Seu olhar sereno e suas atitudes consideradas ousadas para aquela época e contexto, realizadas sem extravagância, colaboram para seu desempenho cênico entre coadjuvantes talentosos. Em Maria Madalena também não faltam frases de efeito, como “O mundo só mudará quando nós mudarmos” ou “Eu não ficarei em silêncio. Eu serei ouvida” que quase despencam para um melodrama, mas Garth Davis consegue se reerguer ao mergulhar na intimidade de seus personagens propondo uma história ainda não contada, mesmo sem grandes surpresas. Maria Madalena passa longe de ser um filme bíblico e, um de seus méritos, é o de humanizar personagens históricos e também destacá-los em situações pouco narradas anteriormente. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: