Mi obra maestra
Direção: Gastón Duprat
Elenco: Guillermo Francella, Luis Brandoni, Raúl Arévalo, Andrea Frigerio, María Soldi, Daniela Katz, Sofía Condisciani, Andrea Acatto, Lucas Aranda, Mahmoud Azim, Emilia Duprat, Octavio Duprat, Mónica Duprat, Juan Pablo Ferrer, Santiago Korovsky, Alexis López Costa, Mucio Manchini, Julio Marticorena, Marcelo Marzoni, Melina Matthews, Mohamed Nafad, Alejandro Paker, Roberto Peloni, Alex Pissurno, Pablo Ribba, Gimena Riestra, Gustavo Rodríguez, Rafael Rodriges, Kevin Schiele, Fabíán Spitaleri, Tamara Stuby, Violeta Kaehler.
Ano: 2018
Sinopse: Arturo Silva é um negociante de arte sem escrúpulos. Ele é amigo há muitos anos de Renzo Nervi, um pintor com poucas habilidades sociais. Dispostos a arriscar tudo, os dois desenvolvem um plano mirabolante para se darem bem no mundo da arte.
Crítica do CINEVITOR: Depois de dirigir, em parceria com Mariano Cohn, o excelente O Cidadão Ilustre, lançado em 2017 no Brasil e premiado no Festival de Veneza, o cineasta argentino Gastón Duprat volta à ficção (ele lançou um documentário chamado Todo sobre el asado nesse meio-tempo) com a comédia dramática Minha Obra-Prima. Na trama, conhecemos Arturo Silva e Renzo Nervi, amigos de longa data e que trabalham no mesmo ramo: o de obras de arte; o primeiro é marchand de uma galeria e o outro é um pintor ranzinza que rebate a arte contemporânea. Interpretados pelos talentosos Guillermo Francella e Luis Brandoni, respectivamente, seus personagens revelam uma química tão verossímil que só engrandece a narrativa. Logo nos primeiros minutos de projeção, Gastón, que assina o roteiro ao lado do irmão, Andrés Duprat, apresenta ao espectador uma alfinetada nada sutil sobre Buenos Aires; e assim se repete ao desenrolar dos acontecimentos, criticando além disso: o país, a sociedade, ideologias, religião, futebol e, claro, as artes. Esse humor ácido, e muito bem utilizado na trama, fica ainda mais presente com o personagem de Brandoni, um pintor antissocial, teimoso e arrogante, que não se interessa pelo novo e sequer pensa em atualizar-se. Primeiramente, Minha Obra-Prima foca em mostrar a decadência de um artista e as consequências de sua soberba: como enfrentar a guerra entre o moderno e o clássico, a recepção da crítica, a relação com os jovens e com os tempos atuais. Depois, quando decorre para uma reviravolta em seu arco dramático, o longa desacelera na acidez vista com frequência em um de seus protagonistas e segue para a resolução de seu desfecho. Por conta dessa leve quebra de ritmo e também por algumas situações previsíveis, Minha Obra-Prima perde um pouco do fôlego inicial e do humor afiado, mas nem por isso deixa de apresentar críticas interessantes e situações descontraídas. Fala-se também de uma amizade, aos trancos e barrancos, entre dois personagens com personalidades completamente diferentes, mas que se conectam e se entendem, nem que para isso seja necessário mostrar seu pior lado. Há um carinho enrustido nessa relação, que ganha evidência em diversos momentos da trama. O novo filme de Gastón Duprat soa interessante pela maneira como aborda os bastidores desse mercado milionário das obras de arte e as frivolidades que o cercam. E vai além disso: também retrata a sociedade atual por meio de atitudes corruptas de seus personagens, faz críticas oportunas aos tempos modernos e de como o ser humano se comporta de acordo com seus interesses. Minha Obra-Prima é uma ficção argentina com personagens bem construídos, um humor sarcástico na medida certa e alfinetadas essenciais e até hilárias. Mas poderia muito bem ser a vida real. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: