
Morreu neste sábado, 15/05, aos 87 anos, a atriz Eva Wilma, considerada uma das maiores artistas do país. Ela estava internada há um mês no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por conta de problemas cardíacos e renais. Há uma semana foi diagnosticada com câncer de ovário e não resistiu devido a uma insuficiência respiratória ocasionada pela disseminação da doença pelo corpo.
Nascida em 14 de dezembro de 1933, na capital paulista, iniciou sua carreira artística aos quatorze anos como bailarina clássica. Fez parte do São Paulo Ballet e logo depois foi convidada por José Renato, produtor e diretor do Teatro Brasileiro de Comédia, para inaugurar a primeira turma de teatro de arena. Nessa época, se destacou em diversos espetáculos, como Judas em Sábado de Aleluia, A Megera Domada e Queridinha Mamãe.
Seu primeiro trabalho nas telonas aconteceu em 1953 na comédia Uma Pulga na Balança, do cineasta italiano Luciano Salce, realizada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Dirigida por Armando Couto, atuou ao lado de Procópio Ferreira em O Homem dos Papagaios e A Sogra. Também participou de O Craque e O Cantor e o Milionário, ambos de José Carlos Burle, e protagonizou Chico Viola Não Morreu, cinebiografia do cantor Francisco Alves. Ganhou destaque em Cidade Ameaçada, de Roberto Faria; A Ilha, de Walter Hugo Khouri; O Quinto Poder, de Alberto Pieralisi; entre outros.
Em 1968, fez teste para participar do filme Topázio, de Alfred Hitchcock. Mesmo aplaudida pela equipe, perdeu o papel para uma atriz alemã. Porém, a carreira internacional aconteceu com outras produções, como: Noites Quentes em Copacabana e Convite ao Pecado, do cineasta alemão Horst Hächler.
No cinema brasileiro também se destacou em São Paulo, Sociedade Anônima, de Luiz Sérgio Person; Jogo Perigoso, de Luis Alcoriza e Arturo Ripstein; A Arte de Amar Bem, baseado na peça homônima de Silveira Sampaio; Asa Branca: Um Sonho Brasileiro, de Djalma Limongi Batista; O Menino Arco-Íris, de Ricardo Bandeira; Feliz Ano Velho, de Roberto Gervitz; Veias e Vinhos – Uma História Brasileira, de João Batista de Andrade; O Signo da Cidade, de Carlos Alberto Riccelli; A Guerra dos Vizinhos, de Rubens Xavier; e o curta Minha Mãe, Minha Filha, de Alexandre Estevanato.
Além do sucesso no teatro e no cinema, Eva Wilma se tornou uma das maiores atrizes da TV brasileira. Sua estreia nas telinhas aconteceu em 1953, no seriado Namorados de São Paulo. Posteriormente, Cassiano Gabus Mendes mudou o título da série para Alô, Doçura, que contava também com John Herbert, com quem foi casada por mais de vinte anos, no elenco. O seriado, que durou dez anos, entrou para o Guiness Book como o mais longo do país e rendeu o Troféu Imprensa, em 1964, de Destaque do Ano para Eva Wilma. O casal ainda trabalhou em outras diversas produções.
Vilã inesquecível na novela A Indomada: premiada.
Na década de 1970, já casada com Carlos Zara, participou de novelas de grande sucesso, entre elas, Meu Pé de Laranja Lima e Nossa Filha Gabriela, ambas de Ivani Ribeiro. Ganhou ainda mais destaque ao interpretar as gêmeas Ruth e Raquel, na primeira versão de Mulheres de Areia. Atuou também em A Barba Azul, A Viagem, O Julgamento, Roda de Fogo e no remake de O Direito de Nascer.
Depois de sua passagem pela TV Tupi, foi contratada pela Rede Globo e interpretou outros diversos personagens marcantes. Trabalhou em Plumas e Paetês, Elas por Elas, Que Rei Sou Eu?, Ciranda de Pedra, Transas e Caretas, Sassaricando, Pedra sobre Pedra, O Mapa da Mina, Pátria Minha, História de Amor, O Rei do Gado, Esperança, Fina Estampa, Verdades Secretas, entre outras. Em A Indomada, de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, interpretou a cômica e perversa vilã Maria Altiva Pedreira Mendonça de Albuquerque, um de seus papéis mais marcantes.
Com tantos trabalhos de sucesso, Eva Wilma recebeu diversos prêmios. No teatro, foi consagrada com o Prêmio Shell, Prêmio Molière e Prêmio Sharp pela peça Queridinha Mamãe. Pela Associação Paulista de Críticos de Artes recebeu o Troféu APCA três vezes pelas novelas Mulheres de Areia, A Viagem e A Indomada. Sua trajetória inclui ainda: Prêmio Assis Chateaubriand, Prêmio Globo de TV, Troféu Roquette Pinto, Prêmio Saci, Prêmio Governador do Estado, Troféu Imprensa, Prêmio Aplauso Brasil, Troféu Mário Lago, entre muitos outros.
Foi homenageada no Festival de Cinema de Vitória, Curta Santos, Festival de Cinema de Maringá, Festival de Cinema da Lapa, CinEuphoria, em Portugal, Festival de Gramado com o Troféu Cidade de Gramado, entre outros. Ainda nas telonas, foi premiada no Cine PE e no Curta Caicó. Em 2020, recebeu o Prêmio Cesgranrio de Teatro de carreira honorária. Na década de 1960, por conta do seriado O Amor Tem Cara de Mulher, da TV Tupi, foi homenageada em Cuba. Além disso, também se destacou em importantes festivais internacionais, como Berlim e Veneza.
Na vida pessoal, um dos momentos marcantes foi sua participação, em 1968, na Passeata dos Cem Mil, uma manifestação popular contra a ditadura militar brasileira, ao lado das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell. Além disso, em 2016, foi hospitalizada por conta de uma embolia pulmonar leve, permanecendo internada por três semanas.
Seu último trabalho na TV foi na novela O Tempo Não Para. No cinema, fez parte do elenco do inédito As Aparecidas, de Ivan Feijó.
Fotos: Edison Vara/Pressphoto e Rede Globo.