Mostra Povos Originários da América Latina será exibida na Cinemateca Brasileira no Festival Cultura e Sustentabilidade

por: Cinevitor
Cena do filme Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!

O Festival Cultura e Sustentabilidade: Criatividade para um Mundo Possível acontecerá entre os dias 10 e 16 de julho na Cinemateca Brasileira com palestras, debates, feira e mostra de filmes. O evento coloca em foco o impacto da pauta ESG (ambiental, social e governança) no setor cultural e proporcionará ao público diferentes perspectivas para discutir ideias sobre a temática da sustentabilidade.

Com inscrições gratuitas e abertas ao público em geral, o festival reunirá especialistas, representantes de instituições culturais e empresas engajadas com a temática para discutir o papel da cultura na busca de soluções para os desafios ambientais globais. A ação integra o Viva Cinemateca, projeto que prevê o aprimoramento das instalações da Cinemateca Brasileira para guarda e processamento de seus acervos com o objetivo de garantir sua missão institucional. A proposta também contempla uma grande programação cultural que vai passar por São Paulo e outros 12 estados no país.

Dora Mourão, diretora da Cinemateca Brasileira, disse: “Queremos trazer um novo olhar sobre esses temas urgentes, que não se restringem a grupos específicos, mas toda a sociedade. É uma oportunidade para o setor cultural compartilhar experiências e apontar alternativas criativas para desafios que não podem mais ser negligenciados”.

Na programação do festival, convidados de referência em suas áreas de atuação irão compartilhar práticas consistentes que já estão sendo desenvolvidas no setor, bem como ações consolidadas em diversos outros segmentos econômicos, que possam ser aplicadas ao segmento cultural. Os temas das quatro mesas foram pensados para trazer reflexões sobre sustentabilidade ambiental, social e econômica e seu impacto na produção cultural, considerando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os princípios do Pacto Global e o próprio poder de sensibilização da arte. Clique aqui e saiba mais sobre as mesas.

Paralelamente aos painéis de discussão, está prevista a realização de uma feira, com estandes dedicados a instituições e empresas com trabalhos relevantes no setor ambiental. Em consonância com seus objetivos, o festival recebeu o Selo Evento Neutro por compensar as suas emissões de carbono apoiando projetos ambientais certificados.

Luna Marán no filme mexicano Tío Yim

O Festival Cultura e Sustentabilidade culminará com a abertura da Mostra Povos Originários da América Latina, que traz uma seleção de filmes destacando a relação dos povos originários com a natureza e a importância de se preservar suas culturas e territórios. Na abertura, no dia 11 de julho, às 18h, Ailton Krenak e Anna Dantes receberão o público para uma sessão dos sete curtas da série As Flechas, seguido por um debate com os realizadores. A série faz parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos.

A mostra segue até 16 de julho revelando ora proximidades de lutas e resistências, ora pluralidades linguísticas, culturais e de vivências. O público poderá assistir títulos do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Peru; a maioria dos filmes, alguns inéditos no Brasil, foi realizada em nossos países vizinhos. As produções brasileiras, por sua vez, contam com longas e curtas-metragens de diferentes etnias e povos, como Ashaninka, Baniwa, Ikpeng, Kisêdjê, Kuikuro, Laklãnõ-Xokleng, Maxacali, Mbyá-Guarani, Huni Kui (Kaxinawá), Xavante, Yanomami, entre outros. Serão 15 sessões compostas por um curta e um longa-metragem de países diferentes. A programação é inteiramente gratuita e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.

Os filmes tratam de temas como a memória e a história, instigando discussões sobre a importância do registro audiovisual para a preservação de línguas e tradições. Outra constante é resistência, que aparece atrelada aos processos de colonização, à luta por demarcação de terras e aos empreendimentos econômicos que devastam a floresta. Religiosidades, cosmologias, artes e alimentação são outros elementos recorrentes nos títulos selecionados.

A mostra conta com uma diversidade de gêneros cinematográficos que vão desde o documentário aos experimentais, animações e ficções, manifestação da criatividade e do domínio da técnica audiovisual pelos tantos povos indígenas do continente. A curadoria privilegia filmes feitos por cineastas indígenas, mas inclui também alguns poucos feitos por não indígenas. Estes, contudo, foram feitos em diálogo com as comunidades que, por vezes, trabalharam na produção, no roteiro ou em outras áreas da realização audiovisual.

Conheça os filmes da Mostra Povos Originários da América Latina:

A Fera e a Esfera, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
A Porta-Voz, de Luciana Kaplan (México)
A Selva e a Seiva, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
A Serpente e a Canoa, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
Abdzé Wede’õ: O Vírus Tem Cura?, de Divino Xavante (Brasil, MT)
Amuhuelai-Mi, de Marilú Mallet (Chile)
Ayvu-Pora, Las Bellas Palabras, de Vanessa Ragone (Argentina)
Dolores, de Joaquín Eyzaguirre (Chile)
El Silencio del Rio, de Francesca Canepa (Peru)
Jakawisa, de Delia Yujra Chura (Bolívia)
Kaiser Wilhelm Institut Für Anthropologie Tupiniquim, de Denilson Baniwa (Brasil, RR)
Kene Yuxi, As Voltas do Kene, de Zezinho Yube (Brasil, AC)
La Vida de Una Familia Ikoods, de Teófila Palafox (México)
Marangmotxíngmo Mïrang: Das Crianças Ikpeng para o Mundo, de Natuyu Yuwipo Txicão, Kumaré Ikpeng e Karané Ikpeng (Brasil, MT)
Mãri Hi: A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari Yanomami (Brasil, RR)
Metamorfose, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
Nakua Pewerewerekae Jawabelia (Hasta el Fin del Mundo/Até o Fim do Mundo), de Margarita Rodriguez Weweli-Lukana e Juma Gitirana Tapuya Marruá (Colômbia/Brasil, PE/RJ)
Nasa Yuwe, La Lengua Madre, de Mateo Leguizamón e Yaid Bolaños (Colômbia)
Nguné Elü, O Dia em que a Lua Menstruou, de Maricá Kuikuro e Takumã Kuikuro (Brasil, MT)
No Tempo do Verão, de Wewito Piyãko (Brasil, AC)
Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero (Brasil, MG)
O Sol e a Flor, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
Opy’i Regua, de Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux (Brasil, RS)
Pakucha, de Tito Catacora (Peru)
Tava, A Casa de Pedra, de Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patricia Ferreira), Vincent Carreli e Ernesto de Carvalho (Brasil, RS/Argentina)
Tejiendo Mar y Viento, de Teófila Palafox e Luis Lupone (México)
Tempo e Amor, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
Tío Yim, de Luna Marán (México)
Txêjkhô Khâm Mby: Mulheres Guerreiras, de Whinti Suyá, Kambrinti Suya, Yaiku Suya, Kamikia P.T. Kisedje e Kokoyamaratxi Suya (Brasil, MT)
Ukamau, de Jorge Sanjinés (Bolívia)
Uma Flecha Invisível, de Anna Dantes e Ailton Krenak (Brasil)
Ushui, La Luna y El Trueno, de Rafael Mojica Gil (Colômbia)
Vãnh Gõ Tõ Laklãnõ, de Walderes Coctá Priprá, Barbara Pettres e Flávia Person (Brasil, SC)
Yakuqñan, Caminos Del Agua, de Juan Durán (Peru)

Fotos: Divulgação.

Comentários