O Protetor do Irmão

por: Cinevitor

Okul tirasi

Direção: Ferit Karahan

Elenco: Samet Yildiz, Ekin Koç, Mahir Ipek, Melih Selcuk, Cansu Firinci, Nurullah Alaca, Mert Hazir, Mustafa Halli, Münir Can Cindoruk, Umit Bayram, Dilan Parlak, Ferit Karahan, Nedim Salman, Siddik Salaz, Ertan Gul, Hamdullah Arvas, Tekin Bulut.

Ano: 2021

Sinopse: Yusuf e seu melhor amigo Memo são alunos curdos em um internato isolado nas montanhas da Anatólia. Quando Memo é acometido por uma misteriosa doença, Yusuf é forçado a superar os obstáculos burocráticos colocados pelas autoridades repressivas da escola.

Crítica: Vencedor do Prêmio FIPRESCI no Festival de Berlim deste ano, o drama O Protetor do Irmão, dirigido pelo cineasta turco Ferit Karahan, narra, entre tantas camadas, uma história sobre amizade. Protagonizado pelo pequeno e talentoso Samet Yildiz, o longa mostra as dificuldades de um garoto para conseguir ajudar o melhor amigo, que está doente, dentro de um internato isolado nas montanhas da Anatólia. O filme fica ainda mais interessante e instigante ao retratar o cotidiano daquele lugar envolto em corrupção, autoritarismo e maus-tratos. A câmera de Türksoy Gölebeyi, que assina a direção de fotografia, caminha com familiaridade pelos corredores frios e retrata o dia a dia daqueles garotos com precisão. Lá, há regras que precisam ser cumpridas com disciplina e atenção. Mas, quando isso não acontece, as consequências afetam a convivência de todos. Neste cenário, Ferit Karahan retrata professores impositivos, arrogantes e egoístas. Mostra com clareza um sistema educacional ultrapassado e prepotente, que abala psicologicamente aquelas crianças. Entre os bastidores desse lugar e a situação agoniante do garoto adoentado e de seu melhor amigo, o diretor, que assina o roteiro ao lado de Gülistan Acet, cria um clima de tensão ao desenrolar da narrativa para desvendar o motivo da doença e, ao mesmo tempo, constrói um arco dramático interessante que conecta os acontecimentos. A atuação de Samet Yildiz, que carrega medo e preocupação no olhar, e também bondade e fragilidade, é primorosa. É com ele que o espectador embarca nessa bola de neve de conflitos e soberba muito bem retratada. O Protetor do Irmão vai além de um filme sobre amizade ao reproduzir um cotidiano cruel e opressor que estremece a reputação daqueles que estão no poder quando se sentem ameaçados diante de mentiras prestes a serem desmascaradas. (Vitor Búrigo)

*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

Nota do CINEVITOR:

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