Diretor: Marco Dutra
Elenco: Marat Descartes, Antonio Fagundes, Sandy Leah, Helena Albergaria, Gilda Nomacce, Kiko Bertholini, Tuna Dwek.
Ano: 2014
Sinopse: Júnior volta a morar com o pai depois de perder o emprego e se separar da esposa. Ao encontrar objetos que remetem ao passado e à sua mãe, ele desenvolve uma obsessão pela história de sua família e tenta recuperar algo que aconteceu em sua infância e que, até hoje, o assombra.
Comentários do CINEVITOR: É difícil encontrar no cinema brasileiro bons filmes de suspense e terror. Claro que o Zé do Caixão é um caso à parte, já que ele é especialista em terror trash e faz isso há mais de 50 anos. Mas nosso foco não são monstros ensanguentados ou caveiras que são utilizadas como objetos de cena (nada contra quem faz isso). Vamos falar do mais novo filme do diretor Marco Dutra, que trata de outros tipos de “monstros”: aqueles que nos perturbam em sonhos, direto do passado, e que refletem em situações comuns do nosso dia a dia. Quando Eu Era Vivo não tem nenhuma aberração caricata que vai te assustar ao longo da história, mas eleva o nível de suspense através de seus personagens perturbados e suas inquietações. Um terror sofisticado. Júnior, interpretado pelo brilhante Marat Descartes, resolve voltar para a casa do pai (Antonio Fagundes) depois de passar por alguns problemas pessoais. Sua busca pelo passado começa logo que ele encontra alguns objetos que pertenciam a sua falecida mãe. As lembranças se tornam constantes e as atitudes de Júnior mudam de acordo com a sua vontade de obter certas respostas que ficaram presas no tempo. A direção de Marco Dutra não deixa a desejar em momento algum, assim como o roteiro, que sem a pretensão de entregar tudo “mastigado” ao espectador (ainda bem!), explora nos mínimos detalhes as aflições, os medos e as dúvidas dos personagens. A angústia de Sênior (dispensa comentários sobre o incrível Fagundes) ao ver o filho remexer em coisas que ele fez de tudo pra esquecer, esclarece o receio que ele tem em lidar com algo que já passou e que, por ele, ficaria guardado para sempre. Não por acaso, em uma das cenas com o filho, ele solta: “Por que você voltou?”, indignado com as atitudes nostálgicas (e perturbadoras) de Júnior. Já que é para assustar, a trilha sonora e os efeitos de som também fazem esse papel muito bem (destaque para a belíssima cena de abertura com os créditos iniciais). Quando Eu Era Vivo está aí para provar que o cinema brasileiro pode (e deve) investir nesse gênero e que não só estamos prontos (faz tempo) para esses filmes como queremos ver outras histórias como essa, retratadas de forma tão convincente quanto o filme de Marco Dutra. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: