
Foram anunciados os vencedores da 12ª edição do Festival Internacional de Cinema Rio LGBTQIA+, que aconteceu em diversos espaços do Rio de Janeiro, com filmes brasileiros e internacionais de longa, média e curta-metragem de ficção, documentário, animação e experimental.
Desde 2011, o festival, anteriormente conhecido como Rio Festival Gay de Cinema, é uma importante janela para a exibição de filmes LGBTQIA+ nacionais e internacionais na cidade do Rio de Janeiro. Sua relevância na cena cultural local tem agregado uma série de parcerias com distribuidoras, instituições culturais, empresas privadas e importantes salas de exibição.
Neste ano, foram selecionados 80 títulos: 14 longas e 66 curtas; 35 curtas eram brasileiros e 31 internacionais. A programação apresentou representação para pessoas LGBTQIA+ maduras. Ao mostrar personagens em diferentes fases da vida, esses filmes ajudam a quebrar estereótipos, promover a visibilidade e a diversidade dentro da comunidade, e desafiar o mito de que a identidade LGBTQIA+ está restrita à juventude.
O júri do Rio LGBTQIA+ 2023 foi formado por: Aleques Eiterer, Antonio Carlos Moreira, Luiz Carlos Lacerda e Mércia Britto na mostra de longas-metragens; Erly Vieira Jr, Leticia Carolina Nascimento e Marcelo Cuhexê na mostra de curtas-metragens; e Anderson Mahanski, Leonardo Cesar e Zé Pedro Rosa na mostra Div.A. Os filmes escolhidos pelo Júri Oficial recebem prêmios da Naymovie, do CTAv, Centro Técnico Audiovisual, e o troféu do festival.
Conheça os vencedores do 12º Rio Festival de Cinema LGBTQIA+:
LONGAS-METRAGENS
MELHOR FILME
Casa Izabel, de Gil Baroni (PR)
Justificativa: por seu argumento inusitado, ao tratar de um clube de crossdressers que acolhe homens para vivenciarem diferentes papéis de gênero, na casa grande de uma antiga fazenda. Do simples fetiche à construção de uma possível identidade de gênero. Esta obra de ficção traz a temática queer para o cenário da ditadura civil-militar, instalada em 1964 no Brasil. O trabalho de direção de atores é primoroso. As atuações e o roteiro desnudam a idiossincrasia das personagens. A direção sustenta um clima de tensão crescente da trama, culminando com o apoteótico desfecho do incêndio da casa grande. Locação, figurinos e produção impecáveis.
MELHOR DIREÇÃO
Johnny Massaro, por A Cozinha
Justificativa: pela construção de uma atmosfera conduzida através de potente direção de atores e a construção de uma dramaturgia cinematográfica numa ascendente e conflituosa relação entre seus personagens.
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
Não é a Primeira Vez que Lutamos pelo Nosso Amor, de Luis Carlos de Alencar (RJ)
Justificativa: por apresentar um rico painel, com importantes nomes, do começo da militância no Brasil, durante um dos mais tenebrosos momentos de nossa história recente, a ditadura civil-militar iniciada em 1964, criando um paralelo com outro grave período da atualidade.
MENÇÃO HONROSA
Surdes, de Carol Argamim Gouvêa e Thays Prado (SP)
Justificativa: por trazer uma narrativa interseccional e transversal ao abordar o cotidiano de pessoas LGBTQIAP+ surdas. A linguagem das mídias sociais, utilizada para apresentar as histórias de influencers digitais surdos, aproxima o documentário de um público mais jovem e ouvinte. Boa direção e edição.
CURTAS-METRAGENS
MELHOR CURTA NACIONAL
Se Trans For Mar, de Cibele Appes (SP)
Justificativa: pela construção de uma imagética da esperança na qual corporalidades dissidentes de pessoas transvestigêneres e negras podem ser (re)pensadas a partir de possibilidades de cuidado coletivo, uma resistência que se desmancha no mar transformando-se em afeto, mantendo vivo o horizonte utópico.
MELHOR DIREÇÃO
Daniel Guarda, por Naquele Dia Escuro
Justificativa: pela cuidadosa construção de um enredo que cativa as gradativas de emoções diversas em relação a perda de uma pessoa amada.
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
Procura-se Bixas Pretas, de Vinicius Eliziário (BA)
Justificativa: pela sensibilidade catalisadora de depoimentos viscerais sobre as experiências de afeto entre bichas pretas afeminadas numa encruzilhada de narrativas.
MENÇÃO HONROSA
Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli (SP)
Justificativa: revela com intensidade a possibilidade de viver o desenho sexual na velhice LGBTQIA+ numa trama instigante que revela mais a cada camada.
MENÇÃO HONROSA
Os Finais de Domingos, de Olavo Junior (CE)
Justificativa: pela construção de um enredo repleto de sutilezas que descortina a experiência da velhice LGBTQIA+ após a perda de uma pessoa amada.
MELHOR CURTA CARIOCA
O Fundo dos Nossos Corações, de Letícia Leão
Justificativa: pela maneira generosa, lúdica e pertinente com a qual aborda a parentalidade lésbica, construindo uma história ao mesmo tempo leve e profunda na qual as emoções transpassam com bastante verdade na interpretação das personagens.
MENÇÃO HONROSA | CURTA CARIOCA
Deus Não Deixa, de Marçal Vianna
Justificativa: pelo modo corajoso em que o enredo apresenta a impossibilidade da experiência LGBTQIA+ frente aos preconceitos sociais.
MELHOR CURTA INTERNACIONAL
Flores del Otro Patio, de Jorge Cadena (Suíça/Colômbia)
Justificativa: um curta-metragem poderoso que desafia normas heteropatriarcais e une um grupo de ativistas queer no Caribe colombiano para combater injustiças sociais através de uma resistência performativa. Este filme é resolutamente queer e merecedor do prêmio.
Foto: Divulgação.