Yours in Sisterhood
Direção: Irene Lusztig
Ano: 2018
Sinopse: O que pode ser revelado quando convidamos mulheres desconhecidas para reencenar e responder ao feminismo da década de 1970, quarenta anos depois? Ao colocar em cotejo direto corpos e vozes de mulheres contemporâneas com o conteúdo de cartas enviadas nos anos 1970 à revista feminista americana Ms., o filme permite que o presente e o passado estabeleçam uma riquíssima e complexa relação, por vezes reiterativa, em outras desconcertante, muitas vezes conflituosa. Esse movimento cria uma reflexão sobre a história, mas também sobre o futuro do feminismo. O slogan o pessoal é político ganha novo sentido e um dispositivo que poderia parecer paralisante se revela constantemente renovado pelos corpos e paisagens ao seu redor.
Crítica do CINEVITOR: A revista feminista Ms. apareceu pela primeira vez em 1971 como um encarte da New York Magazine. Um ano depois, sua primeira edição autônoma foi lançada e até o final da década de 1980 circulou mensalmente. Nesse período, ganhou popularidade ao assumir um papel importante na sociedade por conta de suas necessárias discussões ideológicas. No documentário Um Abraço, na Sororidade, da cineasta Irene Lusztig, acompanhamos um processo interessante: mulheres contemporâneas leem cartas enviadas à publicação na década de 1970. Logo no início, percebemos que o discurso de quarenta anos atrás segue firme e ainda mais forte hoje em dia. A luta feminista só cresce e ganha força ao passar dos anos e temas como igualdade de gênero e diferenças salariais seguem em discussão por conta de um histórico de debates que começou há muito tempo. As cartas encenadas no filme poderiam muito bem ter sido escritas na semana passada, por exemplo. Naquelas linhas escritas por mulheres em prol do feminismo vemos um discurso muito parecido com aquele que é apresentado atualmente. Há um certo alívio ao perceber que muita coisa mudou, mas há também uma preocupação ao perceber que temas importantes ainda precisam ganhar destaque. Porém, o documentário também se propões a mostrar um outro lado: mulheres que não concordavam com a postura editorial da publicação. E mais uma vez voltamos aos dias de hoje. Questões como racismo, homossexualidade e tradicionalismo também estavam presentes nas cartas enviadas pelas leitoras. Um Abraço, na Sororidade é atual e apresenta um formato interessante de contar uma história que está longe de ganhar um ponto final. A luta continua e os discursos apresentados naquela época seguem em voga anos depois para que o feminismo ganhe ainda mais força e seja cada vez mais compreendido. (Vitor Búrigo)
*Filme assistido no 7º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: