Vermelho Russo

por: Cinevitor

vermelhorussoposterDireção: Charly Braun

Elenco: Martha Nowill, Maria Manoella, Michel Melamed, Esteban Feune de Colombi, Soraia Chaves, Vladimir Poglazov, Elena Babenko, Mikhail Troynik.

Ano: 2016

Sinopse: Marta e Manu são duas jovens atrizes em crise com a profissão. A fim de se reinventar, decidem encarar o inverno russo para se aprofundar na famosa técnica Stanislavski de interpretação. Entre nevascas, brigas, paixões e muitos litros de vodka, suas personagens acabam por extrapolar os limites da cena e da amizade, fazendo com que sejam constantemente testadas pelo rigor do teatro e uma Rússia majestosa e difícil.

Crítica do CINEVITOR: A Rússia não é um lugar comum. Apesar de estar entre as dez maiores economias do mundo e ser o país com a maior área terrestre, teve sua primeira eleição presidencial direta somente em 1991, depois do fim da União Soviética. Assim como eles, Vermelho Russo também não é um filme comum, positivamente falando. Em meio a placas de rua indecifráveis e um frio congelante, duas amigas atrizes desembarcam em Moscou com o propósito de aprender um pouco mais sobre a técnica de atuação adotada pelo teatrólogo, diretor e ator russo, Constantin Stanislavski. Com uma estética que mistura ficção com documentário, o diretor Charly Braun segue os passos dessas duas brasileiras em uma terra até então pouco conhecida para elas e ao longo da narrativa apresenta momentos íntimos e reveladores de suas protagonistas. O entrosamento entre elas é espontâneo, não só pelo fato de serem amigas na vida real, mas também por conta do talento de cada uma em cena e da capacidade de representar tão bem e com segurança uma história verídica já vivida por elas anos atrás, longe das câmeras, pois, Vermelho Russo é baseado no diário de Martha Nowill, que foi publicado na revista Piauí com histórias dessa mesma viagem, só que realizada em 2009, por ela e por Maria Manoella. O que vemos na telona é o passado dessas duas atrizes revelado em uma trama ficcional. Ao utilizar os nomes reais dos atores em cena, a obra fica ainda mais interessante por acrescentar um certo tom misterioso ao espectador sobre a vida dessas mulheres: o que realmente aconteceu naquela viagem? Todos esses personagens existiram? O que é ficção e o que é realidade? O roteiro, premiado no Festival do Rio e escrito por Martha Nowill e Charly Braun, colabora com essa mistura de gêneros por conta desse contraste entre o improviso e o decorado. Vermelho Russo não é apenas um diário de viagem transformado em filme; ele se aproveita do passado para reviver situações que se apresentam como novidades, tanto para o espectador quanto para o elenco, e destaca laços afetivos com profundidade, cutucando o lado mais frágil dessa relação de amizade. A imersão cênica e pessoal de Maria Manoella e Martha Nowill revela uma entrega visceral de ambas atrizes situadas em uma terra estrangeira com objetivos e pensamentos que se bifurcam e são captados pelo diretor com sutileza a fim de revelar histórias que falam de amor, angústias, carreiras, encontros e desafios. Vermelho Russo brinca com o imaginário do espectador ao transformar realidade em ficção. Ou vice-versa. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

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