Direção: Aicha Macky
Elenco: Siniya Boy, Bawo, Ramsess, Celouba, Cikara, Solo Guy, Américain, PGG, Hercule, Sodja, Goska, Le Grand, Patchantuass, Kebi, Cash Money, DJ Khaled, Loukouti, Nazcoba, Ibrahim Malam Tchilo, Sanda Olisey, Moustapha Elh Adam.
Ano: 2021
Sinopse: Na cidade de Zinder, no Níger, na região empobrecida de Kara-Kara, outrora o distrito dos leprosos, reina uma cultura de violência entre gangues. Um grupo de jovens tenta se libertar dessa violência.
Crítica: Zinder, a segunda maior cidade do Níger, é a terra natal da cineasta Aicha Macky. Neste seu segundo documentário, que leva o nome do local que nasceu, o espectador é apresentado a um território marcado pela violência e pelo desprezo do Estado. Em um processo que levou oito anos, desde a ideia até a finalização do filme, a diretora relata o cotidiano de seus personagens entre depoimentos dolorosos e brutais, porém com esperança de uma vida melhor. Por conta de uma pesquisa em campo, realizada antes das filmagens, Aicha criou uma certa relação de confiança com seus entrevistados. Durante as conversas, é possível perceber a participação da diretora em alguns momentos. Fato interessante que cria ainda mais intimidade com o espectador. Em Zinder, a violência não é vista literalmente; ela está nas memórias. Ainda que traga relatos assustadores de brigas entre gangues e prostituição infantil, por exemplo, o longa se deixa levar por seus personagens e por suas cicatrizes (físicas e mentais). Aqui, é possível perceber também o quanto a decadência e a precariedade daquele lugar interferem na vida de todos. Em certo momento, um dos entrevistados diz: “Zinder é a ovelha negra do país”. Sendo assim, Aicha Macky consegue mostrar a força dessa complexa comunidade, que acredita em esperança, e dar voz a quem nunca conseguiu ser ouvido, sem romantizar a violência ou tentar justificá-la de qualquer maneira. (Vitor Búrigo)
*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: